Chegou ao fim nossa rápida passagem por Veneza. Conseguimos uma promoção fantástica em um hotel na cidade de Transacqua e somente depois seguiríamos para Strigno e Villa Agnedo. Na manhã do dia 02 de abril de 2012, pegamos o trem na estação de Porta Veneza.
O trem com dois andares não existe no Brasil, muito legal. Percorremos a planície litorânea e em Bassano Del Grapa trocamos de trem e seguimos pelo vale do rio Brenta. Tem gente que acha que não dá pra viajar com criança. Isabela tinha 4 anos, e foi só festa. Viajar de trem é fantástico. Seguro, tranquilo, no mínimo, para quem não está acostumado, uma atividade diferente. A nossa pequena curtiu muito.
Da estação se viam as primeiras montanhas em nosso destino.
No caminho tortuoso o trem fez força pra subir. Passamos por Primolando, onde há 102 anos atras a ferrovia foi ligada ao vale do Brenta (Valbrenta), unindo-se definitivamente o Reino da Itália e o Austríaco, e claro, aproximando para sempre Veneza e Trento.
No Caminho, paramos na estação de Strigno, uma árvore chorão me fez lembrar Lages/SC (infelizmente as árvores que ficavam na praça do Tanque foram cortadas). A estação fica pertinho de Villa Agnedo, cerca de 15 minutos de caminhada. Mas não dava para ficar, tínhamos que ir até Borgo e pegar um ônibus para ir à Fiera di Primiero.
Era perto do meio dia (02 de abril) quando chegamos em Borgo Valsugana, a rodoviária estava fechada. Caminhamos até o centro da cidade e descobrimos um restaurante delicioso. Massa fresca sobre o balcão, era escolher e a dona botava para cozinhar.
Saímos de Borgo Valsugana de ônibus para Primeiro, e no caminho passamos novamente pela entrada da cidade de Villa Agnedo, senti ainda mais de perto as montanhas que guarneciam o vale, as boas casas, as ruas asfaltadas, e nada mais além de um trevo bem sinalizado.
O ônibus seguiu rápido e desceu o vale pela Strada Statale 47 em direção a Veneza, no caminho inverso ao que havíamos feito a pouco de trem, acompanhando a descida das águas do Fiume Brenta. Pegamos à esquerda em um emaranhado de viadutos e caimos dentro de um túnel, a Galleria S. Vito, e só voltamos a ver a luz do dia depois do Lago di Corlo, formado pelo Torrente Cismon, até chegar em Arten, onde pegaríamos outro ônibus para chegar até Primeiro e Transacqua.
O lugar fica entre Zorteia e Feltre (Pra quem viveu em Campos Novos/SC, o nome Zorteia é familiar). Ficamos em um ponto de ônibus, na Via Nuova, que de ponto só tinha a placa, e demorou um pouco até alguém resolver a bater papo conosco. Estávamos na rua da Igreja que possui um enorme avanço do telhado sobre a porta da frente, bastante diferente.
Novamente, o motorista do ônibus ficou impaciente. E desta vez entendi que havia algo de errado com nossa bagagem, ele ficou meio contrariado mas mesmo assim subimos com tudo pra dentro do ônibus, a mala preta com rodinhas, a mochila verde, mochilas menores, a Isabela e o carrinho de bebê, e mais, alguma sacola de lanche! Depois descobrimos que é o passageiro quem coloca a mala no bagageiro, em baixo do ônibus.
Pegamos a Via Oltra que seguia o vale do Torrente Vanoi, e passamos por uma pequena hidroelétrica que utilizava toda a água do rio naquela época, e provavelmente, auxilia no controle de enxurradas que ocorrem no verão.
Mais quatro longos túneis e outra hidrelétrica no Torrente Canali e chegamos a Pezze. A propósito, esta PCH era fantástica, também feita em pedra, tinha a barragem sustentada em dois arcos, e ao lado, o túnel de desvio escavado na montanha formava uma cachoeira com o excesso de água, uma obra antiga mas de execução impressionante.
Passamos por Mezzano e já não aguentávamos tanta curva até que entramos em Fiera di Primiero. A região já era diferente, mais frio, cidades menores e menos industrializadas. Praticamente todas as montanhas eram cobertas por floresta com muito abete rosso (Picea abies) em meio à floresta caduca de carvalho e outras espécies estacionais, alí, o inverno demorava um pouco mais para ir embora.
Basta seguir a estrada sinuosa e chega-se em Fiera di Primieiro e Transacqua.
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