No dias de hoje há um movimento político de direita que prega a escola sem partido, conservador e reacionário, objetiva limitar ou proibir a livre reflexão sobre história, filosofia, geografia e cultura em sala de aula. O problema seriam temas como a ditadura e o golpe militar de 1964, liberdade sexual, igualdade de gênero, cotas raciais, direitos humanos... essas "coisas". Infelizmente, já vimos isto antes.
Símbolo do Partito Nazionale Fascista (Fonte). |
As salas de aula dos ítalos-brasileiros sempre foram um espaço de disputa ideológica, inclusive com apoio de potências estrangeiras. Principalmente no período das décadas de 1930 e 1940, quando houve ascensão de “...uma onda antidemocrática e pró-ditatorial de movimentos totalitários e semitotalitários [que] varreu a Europa” (Veja mais em Origens do totalitarismo (anti-semitismo, imperialismo e totalitarismo), de Hannah Arendt, São Paulo: Companhia das Letras, 1989), que disputaram a mente é o coração do imigrante e seus descendentes.
O fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler exerceram significativa influencia na vida sócio política brasileira e em especial em Santa Catarina. Pois além da criação de núcleos e partidos nazi-fascistas no Brasil e em Santa Catarina, influenciaram a criação da Ação Integralista Brasileira e na forma de direção da nação durante o período em que Getúlio Vargas esteve no poder (1930 – 1945) (veja mais no artigo: O Nazismo e o Integralismo em Santa Catarina, de João Henrique Zanelatto).
Durante o período fascista, quando houve um esforço consistente do governo italiano para colocar o Brasil na sua órbita de influência, a Itália não possuía recursos militares e econômicos suficientes para ações imperialistas tradicionais. Por isso buscou a mobilização e o controle das colônias de italianos espalhadas pelo mundo, na ligação de movimentos fascistas e governos estrangeiros pelo viés ideológico, a formatação de uma propaganda cultural marcada pelos pressupostos ideológicos e os esforços de subversão da ordem. A propaganda cultural e a mobilização dos imigrantes já ocorria antes do fascismo, e vários outros países também faziam isto para ampliar seu poder internacional naqueles anos e persistem até hoje (veja mais no artigo: A política cultural da Itália fascista noBrasil: O soft power de uma potência média em terras brasileiras (1922-1940), João Fábio Bertonha).
Livro de Clementina Bagagli, distribuído nas escolas em 1938 com abordagem de interesse do regime fascista. |
Como o Vale do Itajaí foi a principal região de estabelecimento de imigrantes da família Floriani, presume-se que e foram alvo destes movimentos políticos que atuavam no Vale e norte de Santa Catarina. Na década de 1920 o partido nazista realizava reuniões em Blumenau e seus partidários “constituíam um distinto grupo social urbano: mantinham ligações diretas com empresas e consulados alemães, dependendo deles para sua sustentação econômica dentro da colônia alemã” (veja mais no artigo: O Nazismo e o Integralismo em Santa Catarina, de João Henrique Zanelatto).
Isto persistiu até o governo brasileiro publicar os Decretos 7212, de 8 de abril e 7247, de 23 de abril de 1938, para tornar obrigatório o registro de todos os estabelecimentos particulares de ensino e a proibição de usarem mais de uma hora de atividade escolar no estudo e uso da língua estrangeira. que em 1938. Quando se inicia a Segunda Grande Guerra Mundial, o Brasil fica de fora do Eixo formado pela Itália e Alemanha, e se inicia uma nova fase de constrangimento da cultura alemã e italiana no Brasil.
Infelizmente, os ideais que levaram o mundo à guerra mais avassaladora que a humanidade já assistiu continuam vivos.
Como cita Arendt em seu prefácio: "Weder dem Vergangenen anheimfallen noch dem Zukünftigen. Es kommt darauf ein ganz gegenwàrtig zu sein" (Karl Jaspers).
Veja mais no artigo: Importante Floriani na política italiana: Alessandra Mussolini Floriani
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